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Já ouviu falar em cronotipo B?
E em pessoas B?

A maioria vai dizer que não, e essa é a nossa missão: mostrar ao mundo quem são e como vivem as desconhecidas e quase sempre incompreendidas criaturas que possuem um relógio biológico diferenciado, com hábitos noturnos e enorme dificuldade para acordar cedo.


Pessoas B possuem cronotipo B. É o cronotipo que dita o ritmo corporal de cada indivíduo, que determina as horas mais propícias para acordar e dormir e, consequentemente, os horários de maior ou menor rendimento para a realização das atividades diárias. As pessoas têm relógios biológicos diferentes. Há aquelas que se assemelham a corujas: têm enorme dificuldade de acordar cedo, se sentem inúteis nas primeiras horas do dia e só vão dormir depois da meia noite.

Outras são como cotovias: já pulam logo cedo da cama, com pique total, e se sentem bem dispostas no período da manhã. Cientistas garantem que isso nada tem a ver com hábitos, e sim com a genética, como mostra uma reportagem da BBC Brasil.

Coruja Cotovia

A Cronobiologia é a ciência que estuda os ritmos biológicos que se repetem a cada 24 horas, chamados de ritmos circadianos (circa: cerca de; diano: um dia) ou cronotipos. São esses ritmos corporais que definem o período do dia em que uma pessoa é mais produtiva. “Cotovias” são do grupo cronotipo A, ou matutino, enquanto “corujas” pertencem ao grupo cronotipo B, ou vespertino/noturno. Há ainda pessoas com cronotipos intermediários, que tendem a se adaptar melhor aos diferentes horários.

Como essa é uma questão biológica, não há nada de errado em ser coruja ou cotovia. O problema é que ser uma pessoa B em um mundo ditado pelo padrão A é realmente muito penoso. Nossa sociedade está toda baseada em um sistema que beneficia pessoas de cronotipo A – um funcionamento temporal pautado pela revolução industrial, nos séculos XVIII e XIX, quando os turnos de trabalho dos operários faziam sentido. Oito ao meio dia, pausa para o almoço, duas às seis da tarde. Atualmente, essa rigidez não faz mais tanto sentido. Graças às novas tecnologias da comunicação, pode-se trabalhar a qualquer horário e de qualquer lugar. Mas a grande maioria das empresas, escolas e comércio ainda adota o padrão antigo, que limita a vida e a criatividade das pessoas de cronotipo B.



Para questionar esse padrão, a dinamarquesa Camilla King fundou, em dezembro de 2006, a B-Society, ou Sociedade B em português, com membros e adeptos em 50 países. Camilla propõe uma sociedade mais flexível, com horários diferenciados na escola para incluir os diferentes ritmos circadianos dos alunos, e um ambiente de trabalho maleável em que horas de trabalho alternativas sejam socialmente aceitas. Vamos entrar nessa luta? A ciência tem provado que é bom para você, bom para as empresas, para as cidades e para o meio ambiente, já que horários de pico (leia-se: trânsito parado, poluição e stress) só existem por conta do antiquado horário comercial. Todo mundo sai ganhando, cada um da sua maneira.


Como deve ser óbvio, ou pelo menos lógico, este site é mantido por uma pessoa B. Sou Fernanda Abras, jornalista, corujinha, night owl. Prefiro ir dormir quando os primeiros pássaros começam a cantar – naquele exato momento em que a luminosidade do céu começa a aparecer – e varar a noite trabalhando ou estudando (quando possível, já que pessoas como eu são obrigadas se adequar ao padrão A). Cansada de ser vista como preguiçosa e dorminhoca, cá estou para mostrar que, como eu, há milhões tentando bravamente se adaptar a hábitos que, na era digital, já não fazem tanto sentido. Viva a diferença!