The Beatles são considerados por muitos fãs de música como a melhor e mais influente banda da história. Com uma discografia fabulosa, uma série de recordes de vendas, 3 dos mais importantes songwriters da história e um enorme appeal mediático, o quarteto de Liverpool transfigurou a música mundial em apenas 10 anos. Entre os seus muitos e bons álbuns, "Revolver" é um dos destaques. O álbum lançado em 1966 marca o início de 2 tendências importantes da fase final da carreira dos Beatles: uma maior individualização entre os 3 compositores e letristas, que passam a assinar as músicas de forma individual, e a transformação do grupo numa banda de estúdio, que ao deixar de dar concertos e passar grande parte do seu tempo a trabalhar minuciosamente em estúdio elevou muito a sua capacidade criativa e experimental. John Lennon e George Harrison, neste álbum e fase da sua carreira, destacaram-se em grande parte pelas influências exóticas que abriram novas possibilidades na sua música, o primeiro com a sua paixão pelo psicadelismo e pelas capacidades criativas do LSD, bem presentes em "Tomorrow Never Knows", e o segundo com as estadias na Índia e o fascínio com a música e cultura do país, presente em "Love You To". Contudo, apesar dos resultados interessantes das influências exóticas dos seus colegas, Paul McCartney acaba por ser quem mais brilha no álbum, sempre o instrumentista mais dotado dos 3, o músico elevou o enorme talento para a composição e teve um importante amadurecimento enquanto letrista, em especial em "Eleanor Rigby" e a sua jóia da coroa, "Here, There And Everywhere", músicas recheadas de emoção e com uma nuance e profundidade lírica que nem sempre eram sinónimo de Paul. "Revolver" é um momento fulcral na história da música por lançar a melhor fase da carreira da banda inglesa e aquela que veio a deixar um gigante marco histórico. Depois de vários anos a ser a maior sensação pop da sua era, este álbum marca o momento em que as ambições dos Beatles realmente mudaram. 1966, os anos 60, ou até o século XX passaram a ser pouco, porque os Beatles estavam prestes a tornar-se na banda mais importante da história da música pop.
Jamie XX é a força criativa por trás da banda inglesa the XX. Em 2015 lançou "In Colour", o seu criticamente aclamado álbum a solo. Jamie abre aqui as asas e mostra o seu incrível alcance musical. Chega até a ser surpreendente que os The XX, com um som tão específico, tenham por trás um produtor tão eclético e capaz de tanto incendiar a pista de dança como de criar baladas íntimas e hinos do pop eletrónico. Esta capacidade advém, em grande parte, do seu ouvido afinado para escolher os samples certos e saber dar um toque especial às músicas, que faz delas únicas e carismáticas. Entre os pontos altos do álbum o primeiro destaque tem de ir para "Gosh", a música de abertura, uma música enérgica com um beat que dá vontade de correr desenfreadamente para lado nenhum e que desemboca "naquela" linha de sintetizador, um linha de sintetizador simplista e quase aguda de mais, vinda de lado nenhum e que não devia encaixar aqui, mas que de alguma forma encaixa e eleva a música à estratosfera. Outro mistério é "I Know There's Gonna Be (Good Times)", o que têm em comum Jamie XX, Young Thug e Popcaan? Nada mesmo, tirando um dos melhores feelgood bangers que alguma vez vão ouvir e que potencia ao máximo o improvável trio. "Stranger In A Room" é outro destaque e a única música aqui que encaixa no estilo dos The XX, fazendo uso da voz de Oliver Sim, que nos sussurra ao ouvido frases crípticas sobre o poder libertador da música eletrónica acompanhado por uma guitarra bem ao estilo da banda londrina. A base de qualquer produtor musical que ambiciona o sucesso, deve ser um grande conhecimento musical. Contudo o que separa um bom produtor de um de topo é mais do que conhecimento, é um instinto para saber juntar as peças, por muito que não pareçam encaixar, e fazer com que o resultado final seja muito mais que a soma das partes. É este talento, somado à sua clara paixão pela música, que faz de Jamie XX um artista tão talentoso e deste álbum um dos lançamentos mais fulcrais dos últimos anos e uma verdadeira carta de amor à música eletrónica. Melhores músicas: Gosh, Stranger In A Room, Girl